14 de novembro de 2012 | 16h 17,
Carlos Eduardo Entini
O real nasceu ateu. As primeiras séries da nova moeda antes mesmo de sua circulação, iniciada em 1 de julho de 1994, saíram sem a frase “Deus seja louvado”, impressas no anverso. Agora a Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão entrou com ação para que ela seja definitivamente retirada alegando que a expressão fere os princípios de laicidade do Estado e é ilegal.
O Estado de S. Paulo - 17/05/1994
E aí que os colecionadores ficam atiçados, explica o numimatista e autor do livro "Cédulas do Brasil". Claudio Amato. A pouca quantidade de notas de R$ 100,00 sem a expressão e com assinatura de Ricupero mexe com o mercado numismático. Uma dessas notas em perfeito estado, sem dobras e marcas de uso, chega a valer até R$ 2.800, segundo Amato. O valor se explica também pela pouca quantidade de séries impressas com assinatura de Ricupero, foram apenas 3, ante 1.198 por Fernando Henrique. Cada série é composta por 100 mil notas.
Cédula de R$ 100,00 sem 'Deus seja louvado' pode valer R$ 2.800,00 Imagem: Claudio Amato/Acervo Pessoal |
No governo Itamar Franco, quando o real surgiu não havia nenhuma ordem expressa da presidência para que a expressão voltasse. É o que noticiou o Estadão em 17 de maio de 1994. O então presidente interino e diretor de Produção da Casa da Moeda, Tarcísio Caldas Pereira, afirmou não ter recebido nenhuma determinação do Banco Central para incluir a expressão. Mas o Banco Central informa que o pedido partiu do ex-ministro Fernando Henrique Cardoso através de 'aviso do Ministério da Fazenda' do dia 30 de março de 1994, último dia de Cardoso no cargo.