Adoro ler os discursos do
apóstolo Paulo. As encíclicas que Ele escreveu é um ensinamento para a
humanidade, e as destinadas aos Romanos é rico conteúdo para a hermenêutica
jurídica.
Paulo nasceu em Tarso, uma cidade da Turquia,
antiga Cilicia. Turquia, país europeu-asiático, antiga Constantinopla (atual
Istambul), foi sede do Império romano oriental por mais de mil anos até a
tomada pelos turcos Otomanos, em 1453 (Fonte Wikipédia).
Paulo de Tarso, conhecido como Saul antes de se
converter ao cristianismo, era um escriba conhecedor das leis vigentes à época
de JESUS. Um fariseu culto e intelectual, jusfilósofo para sua época.
Feita essa pequena digressão, gostaria de
compartilhar algumas reflexões sobre a leitura do capítulo 7 das “Cartas aos
Romanos” que li pela enésima vez.
Neste capitulo Paulo fala sobre o poder da lei em
escravizar o homem. Ele revela quando tornamos escravos da literalidade da lei;
sem pensar no bem-estar do próximo, servimos nossos próprios “instintos egoístas”.
O homem ao se colocar à serviço de seus próprios interesses dá origem à corrupção e à violência sangrenta, na atualidade, presente principalmente nas periferias dos centros urbanos, onde vidas são ceifadas indiscriminadamente diuturnamente, na maioria das vezes jovens pobres vítimas da desestruturação social, tornando a barbárie (des)humana uma trivialidade.
O que liberta o homem é a fé; é a esperança; é a
solidariedade; é a fraternidade; é o respeito recíproco; é a capacidade
inteligível de enxergar no outro a sua própria imagem revelada na obra do
Criador.
Paulo nos ensina ao falar sobre a “lei e o
pecado” (vs, 7 a 12), no discurso Ele infere que a lei seja o espelho para o pecado, pois só se conheceu o pecado com o surgimento da lei.O homem tem o instinto de viver sem limites, por
isso aparecem as regras (leis), então, ele toma consciência das suas
impropriedades, mas ao invés de buscar o caminho da regeneração, burla as leis, usurpa o poder, mata e morre para saciar seu próprio ego.
A humanidade sempre buscou regramento para
disciplinar a convivência em sociedade, pois o homem é um ser gregário e não
saberia viver isolado dos seus semelhantes, já afirmava Aristóteles.
Desde os primórdios já se estabelecia padrões de
condutas sociais não codificados. Os primeiros códigos de regramentos (leis)
surgiram com o Código de Hamurabi, 1700 a. C., os Dez Mandamentos de Moisés e o Código de Manu, na Índia.
Portanto, percebe-se que o homem dentro do seu
espectro evolutivo sempre se preocupou com a convivência em sociedade, no
sentido de buscar sua segurança e preservação da própria espécie.
Neste diapasão, Paulo aponta as contradições
humanas quando faz um paralelo entre a “lei e o pecado” para mostrar as
fraquezas e fragilidades do homem.
Em outro ponto da leitura do capítulo 7, Paulo
argumenta sobre “A força do pecado” (vs. 14 a 25). Neste ponto o Apóstolo aduz
sobre as fraquezas humanas que nos levam à escravidão das nossas próprias
ações. Todos temos consciência da verdade revelada na lei natural, imanente da cognição humana e da razão advinda da Criação. Mas somos tentados pelos “instintos egoístas” a todo momento nos desviamos do caminho do bem, aponta o Apóstolo. Diz Ele: “Não faço o bem que quero, e sim o mal que não quero”, mais adiante Ele afirma “(...) pela razão sirvo à lei de Deus, mas pelos instintos egoístas sirvo à lei do pecado”.
Apesar dessas vicissitudes, o ser humano tem
inclinação para o bem em decorrência da razão. Por meio da razão o homem se
torna um ser racional e consequentemente mais útil aos seus semelhantes.
Tomás de Aquino afirma que o homem tem inclinação
natural voltada para as “atividades que convém a sua essência”, afirma que a “ (…) alma razoável é a forma própria do homem, há em todo ser humano uma inclinação natural para agir segundo a razão”.
Pois é, não sou católico de “carteirinha”, mas sou um espiritualista Cristão convicto. Acredito na evolução do ser humano como a espécie superior; penso, inclusive, que o Criador teve o propósito de deixar o homem no conjunto da sua criação como uma “obra inacabada” para testar a nossa capacidade de evolução.
A cada instante materializam-se mudanças, a vida
é um processo dinâmico, como diz o grande cantor Lulu Santos “ (…) Nada do que se foi será de novo do jeito que já foi um dia, tudo passa, tudo sempre passará… Tudo que se vê não é igual ao que a gente viu há um segundo, tudo muda o tempo todo no mundo”.
Caramba! Falei demais. Abraço.
JMiguel