Opinião
De repente é importante a gente dar um tempo para refletir sobre determinados argumentos, ou falácias descabidas, que algumas pessoas proferem sem o menor constrangimento. Estou a me referir sobre o discurso proferido por um bolsonarista de extrema direita ao dizer: “... Lula não ganha; se ganhar, não toma posse; se tomar posse, não governa".
Fazendo uma conexão da
verborragia tresloucada com a realidade fática, começo a ter inquietações
temerosas quanto ao que estar por vir.
As manifestações
defronte dos quartéis; bloqueios de rodovias; e outras coisas a mais, são
sinais de que a normalidade foi cooptada pelo clima beligerante por tempo
indeterminado. O pior de tudo isso é observar a grande mídia e os órgãos
competentes, responsáveis pela divulgação dos fatos e manutenção da
normalidade, estarem fazendo de contas que tudo está normal, o que não é verdade.
Não querem enxergar o óbvio. Estão assistindo pacificamente a inversão da ordem
pela desordem. Isso é temeroso.
Às vezes chego a pensar
que a falácia do extremista possa se concretizar. Lula ganhou, tudo bem. Mas
até a posse tem um longo caminho pedregoso; e mesmo que a posse ocorra
"sem mortes e feridos", ainda tem a hipótese da governabilidade. Será
que ele governa?
Não concretizada a
primeira hipótese e, possivelmente, a segunda, a grande dúvida fica por conta
da terceira: a governabilidade. Essa não será uma fase fácil, pelo contrário,
provavelmente, será de grandes turbulências.
A extrema direita e as
"forças ocultas" (Forças militares e de Segurança) poderão sabotar o
governo no sentido de tirar Lula do poder pela via da renúncia ou outros meios.
O vice é Alckmin.
A verdade é que
Bolsonaro contaminou as Forças Armadas por meio da política. Parte da caserna
que nunca digeriu Lula, mas o tolerou nos seus dois mandatos em nome da
disciplina e hierarquia, hoje não tem o menor pudor em manifestar ojeriza, e
ainda dizem não ter intenção de bater continência ao presidente.
O golpe não é uma coisa
descartada, ele está sedimentado na cabeça e no coração dos militares, bem como
na cultura saudosista da extrema direita brasileira. Extrema direita organizada
e com força para desestabilizar qualquer governo. Ademais, ela tem o insumo
mais importante para implementar seus caprichos ideológicos: o dinheiro.
O Agro é poderoso e
está contaminado de extremistas. O único óbice para que não ocorra um golpe nos
moldes e no tempo desejado por eles, são as circunstâncias geopolíticas.
O tempo de paz e de
normalidade ficou no passado. Agora, presenciamos tempo de conflitos,
intolerâncias e instintos selvagens, em que extremistas desvairados tentam, de
qualquer forma, desestruturar o sistema vigente.
Estamos vivendo o
presente, com saudade do passado, e com medo futuro.
Já pensou que loucura?
JMiguel