As ações humanas ao longo dos séculos foram desastrosas para o
equilíbrio da vida no planeta terra, desde a devastação do meio ambiente ao
despejo de toneladas de gás tóxico na atmosfera violando as leis do
universo, a brutal concentração de renda que retira direitos das pessoas mais
vulneráveis de sonhar e ter esperanças de uma vida digna, a sucumbência de
milhões de pessoas à miséria absoluta e, no último degrau, levando-as à morte.
Os domínios imperialistas que marcaram a antiga idade, como o império de
Alexandre, “O Grande”; o império Assírio; a Babilônia de Nabucodonosor; o
império romano, que se estendia desde o continente europeu até oriente Médio,
por muitos anos, dentre outros, já revelava a prepotência da humanidade.
Jesus viveu e ensinou os princípios Divinos no meio de uma sociedade
bárbara e egoísta. Mesmo aperfeiçoando e reafirmando os ensinamentos da Lei de
Moisés e os Profetas, não conseguiu aproximar o homem de DEUS para viver de
acordo os ensinamentos que lhe propunha. Talvez, este seja o propósito do
Criador: testar a capacidade de evolução da própria Criatura.
A idade média é considerada pelos estudiosos como a idade das trevas. Durante
um período de mais de mil anos, o homem viveu em total obscurantismo. Uma das
maiores catástrofes que levou milhões à morte no velho mundo, no século XIV, a
peste bubônica, ocorreu nesse cenário.
Somente a partir do século XVIII, quando surgiu na Europa o movimento
intelectual conhecido como iluminismo, que levou o homem a agir de acordo a luz
da razão, a humanidade começou a enxergar as trevas que lhe encobria. Mas
o uso da razão, sem considerar as forças transcendentais, coloca a
humanidade submissa a seus próprios caprichos.
Com a revolução industrial entre os séculos XVIII e XIX na Europa surge
o capitalismo liberal que, ao longo do tempo, se tornou cada vez mais
excludente, em face dos instintos egoístas do homem. Essa loucura ambiciosa
levou o mundo a viver os anos mais tristes da idade contemporânea: duas guerras
sangrentas em que milhões de pessoas foram mortas em campos de batalhas,
em campos de concentração, de fome, de tristeza ou doenças epidêmicas.
A metade do século XX foi uma demonstração de que a humanidade ainda tem
muito a evoluir, o homem beirou a barbárie. Os 50 anos seguintes trouxeram um
desenvolvimento até então nunca visto, chegando ao ponto de o homem pousar na
lua. Na ciência houve avanço astronômico com a descoberta de novas drogas
para cura ou controle de doenças até então desconhecidas; houve avanços
impressionantes na engenharia genética; na medicina nuclear; na biotecnologia;
a comunicação eliminou as distâncias entre os humanos na esfera planetária.
Entretanto, toda essa evolução no mundo material não aproximou a Criatura
do Criador, pelo contrário, penso que, com o afloramento dos instintos
egoístas, afastou-o, tornando escravo de si próprio.
No início dos anos 80 o sistema capitalista sofreu reciclagem que o
levou a se tornar mais selvagem com Ronald Reagan nos Estados
Unidos, Margaret Thatcher na Inglaterra e Augusto Pinochet no Chile,
nascendo aí o chamado neoliberalismo.
Esse sistema vem desestruturando as relações interpessoais e levando a
sua autodestruição. É inconcebível que um sistema tão selvagem como este possa
ser sustentável. Não acredito.
Essa pandemia veio para colocar freios na humanidade. Não há dúvidas de
que seja uma praga apocalíptica, depois dela o mundo será diferente.
Um vírus que se tornou um inimigo invisível para todo o mundo e desafia
a inteligência humana não pode desaparecer sem deixar uma reflexão mais
profunda. Imagino que seja mais uma provação para a humanidade encontrar o
caminho do equilíbrio na trilha da evolução do intelecto e da espiritualidade.
Obviamente, tem gente que prefere não acreditar, continuará vendo o
mundo como sempre enxergou, o que é natural, pois em outros momentos da
história foi assim.
Prefiro enxergar como um ponto de reflexão para atingir estágios mais
evolutivos. Não se sabe quando e nem como terminará. Mas dá para ter uma
ideia de que, após essa travessia, o que nos espera não será um mar de rosas,
teremos imensos problemas para serem resolvidos na área do emprego, da
economia, da segurança pública, da saúde pública, etc.
Provavelmente, teremos um mundo com o sistema capitalista
desconfigurado, o que levará algum tempo para reconfigurar, porém, passado
esses traumas, a humanidade ressurgirá melhor, mais solidária e menos egoísta.
Imagino.
JMiguel