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O golpe que usurpou o poder da Presidente Dilma

Dilma foi violentamente atingida nos seus direitos políticos, duas vezes, por um golpe orquestrado, planejado e executado por um “Tribunal “ formado de “juízes”, em que sua maioria é composta de réus.

Este golpe que usurpou o poder legitimado por 54 milhões de votos em 2014, na cabeça dos seus orquestradores, era para ser deflagrado em 2004, quando estourou o escândalo conhecido como “mensalão”. Mas a habilidade política do então Presidente Lula fez com que ele não se concretizasse.

Os golpistas, na ganância de poder, não se preocuparam em ferir a jovem Democracia e o Estado Democrático de Direito, que em 31 anos de restaurada elegeu quatro presidentes e dois deles tiveram seus mandatos cassados.

golpe não foi apenas para derrubar a Presidente Dilma, ele tem seus objetivos finalísticos: Destruir o PT, juntamente com Lula, e inviabilizá-los para o exercício da política. Não se deixe enganar. É um golpe contra o projeto petista. O PT cometeu erros? Sem dúvida que sim; trilhou por caminhos que jamais poderia ter trilhado, pois sempre representara oposição a todos os maus feitos que ele próprio engendrou. Deve pagar como está pagando caro, porém dentro do princípio do devido processo legal.

Este golpe representará em curto prazo enormes prejuízos para a maioria da classe média e os mais pobres, pois, direitos trabalhistas, previdenciários, minha casa minha vida, projetos de inclusão e consolidação sociais, dentre outros serão desrespeitados; a classe trabalhadora corre sério risco de experimentar a mais cruel precarização das relações de trabalho, caso o polêmico PL 4330/04 que se encontra em tramitação no Senado, seja aprovado; e o pior que tem tudo para ser, no atual cenário político.

Só resta uma saída: resistir e defender a Democracia e o Estado Democrático de Direito, bem como os avanços que o conjunto da população conquistou nos últimos 13 anos.


JMiguel


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DILMA: UMA POLÍTICA "APOLÍTICA"

Dilma Rousseff
A presidente Dilma Rousseff construiu sua história em circunstâncias excepcionais, para não dizer inéditas. Mineira de Belo Horizonte, entrou na vida política ainda jovem, quando era militante da VAR-Palmares, uma das maiores organizações de esquerda do Brasil. Torturada pela ditadura militar nos anos 70, mudou-se para Porto Alegre, onde se graduou em economia pela UFRGS.

Em 1980, ajudou a fundar o PDT ao lado do líder político Leonel Brizola e participou do governo de Olívio Dutra, ocupando o cargo de Secretária de Minas e Energia. Filiou-se ao PT em 2001, ajudou na campanha do então candidato Lula em 2002 e, em 2003, foi convidada pelo recém-eleito Presidente Lula para assumir o ministério de Minas e Energia, onde teve um papel importante na reestruturação do setor elétrico brasileiro. No meio da crise do mensalão, foi deslocada para a Casa Civil, de onde se projetou para sair candidata à Presidência da República, sob a batuta do seu criador, o Presidente Lula, sendo eleita no segundo turno das eleições de outubro de 2010.

Personalidade forte, convicções firmes; tem dificuldades de convivência na seara política. Ao longo de sua jornada, nos ministérios em que representou, contrariou interesses de grupos que sempre se comportaram como “carrapatos” incrustados na Administração Pública, a exemplo de Eduardo Cunha, político de histórico controvertido, que por muitos anos tornara Furnas seu feudo político.

Desde seu primeiro mandato, não demonstrou vocação nem habilidade para o ambiente político, o que lhe custou enormes dificuldades na aprovação de matérias de interesse do governo, sofrendo várias derrotas importantes no Congresso Nacional.
.Mas, talvez, a pior delas foi a que, por erro de cálculo do próprio governo, criou condições para a eleição de Eduardo Cunha à Presidência da Câmara dos Deputados. A partir dali, ficou desenhada a relação conflituosa na convivência entre a Câmara e o Executivo. Eduardo Cunha, um político calculista, conhecedor como nenhum outro do regimento interno da Câmara, utilizou-se de suas atitudes malévolas para traçar o caminho da vingança.
.Dilma demorou a entender que a função de Presidente tem, na essência, mais natureza política do que técnica, principalmente em se tratando de um sistema político como o do Brasil, onde há uma “salada” de partidos, sem a menor vocação ideológica, formada apenas para a manutenção do status quo ou para a conquista de interesses oblíquos. Faltou a Dilma inspiração em “A Mandrágora” (A Mandrágora é uma peça de teatro escrita em 1518 por Maquiavel, onde ele conta a história de um jovem florentino que deseja furiosamente conquistar uma mulher casada; para tanto, utiliza-se de métodos não convencionais, passando-se por médico, e a mandrágora, uma planta afrodisíaca, é o instrumento para a conquista de seu intento).

A ojeriza à política pela presidente levou à fragmentação de sua base de apoio no Congresso e criou inimigos ocultos, muitos deles com cargos importantes no governo, usufruindo das benesses do poder, ao mesmo tempo, em que ensejava condições para o “bote” (traição). A base do governo sempre foi formada, na maioria, por partidos de ideologias conservadoras, com os quais não se comunga, portanto, com as ideias do PT e os demais partidos do arco de alianças à esquerda.

Trabalhar a política em um ambiente em que os interesses personalíssimos se sobrepõem aos coletivos requer muita habilidade e jogo de cintura para não ser preciso entregar os anéis sem lesionar os dedos. Foi neste cenário político que Dilma se perdeu totalmente; derrotas importantes no Congresso deixaram seu governo cada vez mais engessado, inerte e fragilizado diante de segmentos sociais frustrados ao ver promessas não cumpridas, assim como uma classe média revoltada por sentir seu poder aquisitivo corroído pela inflação, além do desgaste político com setores sociais tradicionalmente apoiadores do PT.

A partir do dia em que saiu o resultado das eleições, em 2014, o governo deixou de ter paz. Encurralado por uma oposição odiosa, representada pelo PSDB, DEM e PPS, que não aceitou a derrota, somando-se a isso os fatores negativos na economia, como desemprego crescente, inflação em ascensão etc., assim como a oposição reacionária da imprensa conservadora, que busca diuturnamente a desconstrução do governo e do PT, foi sendo preparado o ingrediente para o golpe final: a aprovação da admissibilidade do impeachment.

Na atual situação embaraçosa em que se encontra o governo, sem uma base mínima de sustentação, isso praticamente inviabiliza a continuidade do poder. Cabe a Dilma buscar estratégias políticas no sentido de dar uma nova orientação de rumo, visando retirar o país do atoleiro em que se encontra e reconquistar a confiança dos vários segmentos sociais, políticos e econômicos da sociedade brasileira. Isso, talvez, só será possível com a aprovação de uma PEC, estabelecendo uma nova eleição para presidente da república, juntamente com as eleições municipais. Inclusive, já se fala em uma proposta nesse sentido, formulada por alguns senadores, o que é uma luz no fundo do túnel. Vamos torcer.

 

 

 JMiguel

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