O desenvolvimento humano não
deve ser visto como um processo autônomo e retilíneo em que busque apenas
atender aos interesses mercadológicos. Mas, sobretudo, criar condições que
favoreçam o processo de desenvolvimento do ser em toda a sua essência e torná-lo um agente multiplicador do bem-estar, utilizando-se da inteligência e
sabedoria que a natureza lhe proveu.
Já não existem duvidas de
que as sociedades de massas, onde a produção dos bens e serviços visam apenas
os resultados de natureza econômica, não proporcionam a felicidade tão sonhada
pelo homem.
O desenvolvimento que o
homem experimentou nos últimos tempos, especificamente, no campo da tecnologia,
tornou-o mais escravo de um modelo de produção e consumo do que um agente que
pudesse, utilizando-se dos mecanismos técnico-econômico-sociais, engendrar um
conceito de desenvolvimento em que o SER prevalecesse sobre o TER.
A experiência tem demonstrado que o acúmulo de bens e serviços de
forma exacerbada sem a observância intencional da moralidade, em que não se
busque contemplar e valorar as virtuosidades do gênero humano, volta de encontro
ao próprio homem sufocando-o e oprimindo-o. Portanto, precisa o homem buscar
sua maturação com a finalidade de atingir o crescimento do seu SER
vocacionado pelo Criador.
A grande injustiça da
humanidade está em "poucos" ter muito e "muitos" ter pouco ou quase nada, quando,
pela lógica, o equilíbrio estaria na inversão desses valores; pois só assim a
injustiça na distribuição dos bens e serviços originariamente destinados a
todos seria mitigada.
O desenvolvimento não pode
ser visto apenas no aspecto econômico, mas em toda globalidade vocacional do
ser humano, assim como na sua capacidade potencial de transformação.
JMiguel
(Resumo crítico da Carta Encíclica Sollicitudo Rei Sociales de João Paulo II - cap. IV).