Após 27 anos de redemocratização o Brasil ainda carece de um sistema político em que o povo possa sentir-se representado por aqueles que são eleitos pelo voto popular.
A falta de reestruturação da politica
brasileira deu lugar à formação de partidos políticos desprovidos de qualquer
tipo de ideologia e ou princípios norteadores da ética e da moral. E nesse
diapasão, mesmo tendo de enfrentar inúmeras dificuldades para governar, em
face, exatamente, do modelo em que se apresenta o sistema politico brasileiro,
nenhum governo foi capaz de impulsionar uma reforma de natureza profunda e
radical.
Dilma, logo após as manifestações de
junho 2013, ensaiou mandar para o Congresso um PL, objetivando a reformulação
do sistema politico, onde a sociedade teria o direito de participação direta.
Mas, diante das reações contrarias por parte da imensa maioria conservadora dos
deputados e senadores, além de outros segmentos políticos, ficou apenas no
discurso.
Esse sistema subserviente e
clientelista é oriundo da velha republica. Passou por uma nova roupagem a
partir do governo Sarney; e demonstrou sua força corporativista no governo
Collor, quando este foi apeado do poder, após não ter atendido interesses
difusos da sociedade, e especificamente dos políticos; o seu substituto,
Itamar, também teve outras tantas dificuldades de governabilidade por se tornar
refém dessa mesma classe política.
A partir de 1994, com a eleição de FHC,
apesar de o país ter começado a experimentar a profusão de reformas
estruturante, quer sejam na infraestrutura ou no espectro
político-administrativo, notou-se também a deterioração das relações da
política com reflexos negativos para à gestão. O Estado, muitas vezes, passou a
ser utilizado de forma inescrupulosa para atender interesses escusos
e saciar a ganância corruptível de determinado segmento político.
Toda essa estrutura carcomida tem no
cerne o Congresso Nacional, que se tornou um entrave para o desenvolvimento
social e politico do País. Um exemplo clássico foram as negociatas que tiveram
seu auge na aprovação da reeleição de FHC e eclodiram no governo Lula com o
chamado mensalão.
Lamentavelmente, após tantos
escândalos, não se percebe o mínimo interesse da classe política em encaminhar
um projeto de reforma em que houvesse a participação da sociedade diretamente
na construção de um modelo claro e transparente, onde a politica viesse a ser
um instrumento de transformação para a melhoria de vida das pessoas e o aprimoramento da democracia como um todo.
JMiguel